Na
Doença de Alzheimer e demências similares as atividade de estimulação cognitiva
são fundamentais. Sua função é estimular as capacidades da pessoa de modo a
obter um funcionamento o mais aproximado possível da autonomia, procurando
atrasar o processo demencial. Com isso se pretende maximizar as potencialidades
residuais das estruturas subjacentes à cognição.
Temos
como fato que a população está envelhecendo mais, estimativas apontam que até
2025 seremos a maior população em idosos no mundo. Devido a este fato, devemos
aprender a lidar com as novas questões inerentes ao envelhecimento que irão
surgir ao longo do tempo, sendo elas, patológicas ou não.
É
possível envelhecer de forma ativa e com saúde, porém cada vez mais, devido à
própria estimativa de vida que aumenta consideravelmente e pela tecnologia
médica que nos permite maiores cuidados, nos encontramos em situações onde o
aparecimento de doenças crônicas e irreversíveis se tornam praticamente comuns
após os 60 anos.
Estamos
falando das demências, que em sua grande parte não apresentam cura, o que
dificulta seu tratamento e prevenção. De acordo com pesquisas, o quadro de
demências vem aumentando consideravelmente, sendo a 4º causa de morte
registrada em idosos, atingindo 0,7% entre 60 e 64 anos e 38% de 90 a 95
anos.
As
demências são classificadas pelo Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-IV-TR) como o desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos, incluindo
comprometimento de memória associada com pelo menos uma das seguintes
perturbações: afasia (perda da capacidade e das habilidades de linguagem e
escrita), agnosia (incapacidade de reconhecimento de objetos familiares através
dos órgãos dos sentidos), perturbação do funcionamento cognitivo, estas devem
comprometer o funcionamento de atividades diárias ou sociais da pessoa,
colocando em risco sua capacidade de independência e autonomia.
Devido
a estas questões é necessário que cada vez mais possamos criar estratégias,
intervenções e atividades para trabalhar com essa população, usando da
estimulação cognitiva para trazer benefício, mesmo que por tempo
determinado.
Quando
falamos em atividades de estimulação cognitiva, estamos nos referindo a toda e
qualquer atividade que possa estimular as funções do cérebro como atenção,
memória, percepção, raciocínio lógico, sensação dentre outras. O objetivo das
atividades é de manutenção das funções preservadas.
Na
Doença de Alzheimer e demências similares esse tipo de atividade se torna
fundamental, uma vez que colabora com o tratamento medicamentoso. Sua função é
estimular as capacidades da pessoa de modo a obter um funcionamento o mais
aproximado possível da autonomia, procurando atrasar o processo demencial. Ao
estimular a pessoa, pretende-se maximizar as potencialidades residuais das
estruturas subjacentes à cognição, ajudando-a a compensar as suas
dificuldades.
As
atividades a serem realizadas não podem ser difíceis demais a ponto dos idosos
apresentarem dificuldades de entendimento e resolução destes; e nem fáceis
demais, a ponto dos exercícios não preencherem a proposta de esforço cognitivo
para a sua resolução, e o mais importante é que estes propiciem uma maior
interação entre os idosos, os profissionais e a família.
A
princípio, devemos ter consciência que existem níveis de demência e que estes
compreendem alterações cognitivas em áreas diferentes do cérebro como memória,
linguagem, atenção, raciocínio lógico, planejamento, dentre outros. Portanto, o
importante é elaborar atividades que possam contemplar essas diversas áreas a
fim de recuperação de funções e ou minimização e estagnação de perdas.
A
partir de uma avaliação neuropsicológica, o profissional conseguirá identificar
quais as áreas do cérebro que apresentam um maior comprometimento cognitivo e
depois disso, elaborar atividades e estratégias para trabalhar com esse idoso.
A
prática constante de atividades cognitivas como leitura, jogos, quebra-cabeças,
labirintos, cálculos, dentre outros, são considerados fatores de proteção
importantes para o prejuízo cognitivo.
Atividades práticas de estimulação cognitiva
1- É importante ter um calendário em local visível
e de preferência de letras garrafais e espaço em branco para escrever, criar
rotina de todo dia pela manhã ir até o calendário e circular o dia, quando a
pessoa perguntar que dia é, peça para que ela olhe para o calendário, de manhã
ela circula o dia e, à noite, faz um x, sinalizando que aquele dia acabou.
2- Podemos montar um livro de memória, de fotos,
lembranças, um tipo de memória biográfica. Mostramos à pessoa idosa e fazemos
perguntas como: Quem são as pessoas da foto, nome, quanto tempo a foto foi
tirada, quantos anos a pessoa tinha na foto. A intenção é estimular a percepção
da pessoa, dela perceber onde estava na foto e também focar a atenção dela em
detalhes e observar sua emoção diante das lembranças. Mostrar fotos e perguntar
detalhes.
3- Criar rotina para a pessoa colaborar não só para
a organização de sua vida como também para o cuidador/familiar. Desta forma é
possível que ambos realizem atividades com o menor desgaste possível. Crie uma
tabela/quadro com os dias da semana, escreva em cada dia as tarefas diárias e
seus respectivos horários.
4- Ler, é um meio muito eficaz para exercitar a
memória, principalmente quando lemos em voz alta, aprendemos melhor.
Trabalhamos o raciocínio lógico, e também memória.
5- Contar histórias trabalham o raciocínio lógico,
depois pergunte detalhes da história, como o nome dos personagens, quem era
filho de quem, onde aconteceu a história e etc.
6- Música: colocar músicas que as pessoas ouviram
na época de sua juventude, isso trabalha a memória recente.
7- A família e/ou cuidador pode ajudar a pessoa
idosa a:
- Organizar cartas ou cartões de datas festivas
(Natal, Aniversário…);
- Ajudar a limpar a casa;
- Plantar ou colher verduras, temperos, flores,
regar;
- Cozinhar (com supervisão para que não se
machuque);
- Rezar;
- Cantar músicas antigas;
- Dobrar roupas tiradas do varal;
- Outras atividades simples.
Embora
essas atividades pareçam à primeira vista algo muito simples, muitas pessoas
que apresentam demência têm dificuldade em compreendê-las e realizá-las. É
importante que cada atividade seja elaborada de acordo com a demanda de cada
pessoa.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.: DSM – IV- TR. Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 2004.
Texto escrito por Simone de Cássia Freitas Manzaro - Psicóloga
formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de
adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz.
Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente
Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva;
Realiza consultoria
gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e
atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento
prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento. Email: simonemanzaro@gmail.com
Última modificação em Segunda, 19 Janeiro 2015
16:15
Jogo criado pela aluna do terceiro ano do curso de Terapia Ocupacional da UEPA - ZENIRA BECKER, como sugestão de estimulo cognitivo.
Neste Blog,busca-se publicar um texto de grande relevância sobre Atividades de estimulação cognitiva na rotina da pessoa com Alzheimer: aspectos práticos, escrito por Simone de Cássia Freitas Manzaro - Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. muitas informações são referenciadas, e de grande importância no estimulo à cognição
ResponderExcluirGostei muito do seu blog...Parabéns
ResponderExcluirObrigada, continue participando.Bjs
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