Precisamos de atividades, seja cognitiva ou motora, o importante é desempenhar atividades que favoreçam o retardamento das perdas na terceira idade. Ao envelhecermos as dificuldades cognitiva são mais presentes na população
idosa, dificultando a locomoção e a reflexão de situações que exijam atividades intelectuais. Devemos estar atentos à realização de atividades, principalmente as intelectuais, e físicas. Assim teremos mais dias acrescentados aos que nos restam, com autonomia e independência.
Sandra Almeida
Aposentados
sofrem modificações importantes em seu estilo
de vida, com mudanças sociais, financeiras e culturais. De acordo com
sua capacidade adaptativa, essas mudanças podem provocar um declínio
progressivo do intelecto, ou atrasá-lo.
O estudo,
coordenado pelo doutor Lawrence Baer e colaboradores, da Universidade
Concórdia, de Montreal, Canadá, e publicado no Journal of Gerontology,
entrevistou por quatro anos consecutivos 333 indivíduos saudáveis aposentados após trabalharem por
mais de 20 anos, e comparou dados sobre sua capacidade cognitiva, motivações,
tipos de ocupações exercidas após a aposentadoria e presença ou não de
depressão.
De acordo
com os resultados, indivíduos com maior interesse em exercitar o cérebro e
continuar aprendendo ocupavam cargos de maior complexidade antes da
aposentadoria. Esses indivíduos procuram, quando se aposentam, um número maior
de afazeres, justamente os que demandam mais esforço intelectual. Não por
acaso, esses idosos conseguem se proteger do declínio cognitivo, atrasando a
perda ligada à idade em pelo menos dois anos. A variedade de atividades é um
fator protetor importante e independente do interesse cognitivo. Quem
desempenha mais afazeres, mesmo lúdicos, não relacionados ao aprendizado,
também está mais protegido da piora cognitiva e pode atrasar tal declínio em
pelo menos um ano.
As
atividades mais comuns escolhidas pelos aposentados foram leitura, jogos, viagens,
educação continuada, ouvir música; as mais criativas como pintura e outras
culturais, como visitas a museus e assistir a palestras. As ocupações não
intelectuais podem também ser um exercício para o cérebro, pois mesmo nas
brincadeiras utilizamos as funções cerebrais que formam a inteligência.
O humor,
dizem os autores, é outro fator fundamental na performance intelectual. Ao se
aposentar, os indivíduos estão mais sujeitos a desenvolver depressão e seu
impacto é maior com a idade avançada. A depressão acomete de 15% a 30% dos
idosos e é por si só um fator de risco para o mal de Alzheimer.
Os
entrevistados eram relativamente jovens: a faixa etária média era de 60 anos,
idade usual para se aposentar no Canadá. Indivíduos jovens com depressão se
queixam mais de sintomas físicos e da perda de interesse, mas também de déficit
cognitivo. Ficou claro que sintomas depressivos tiveram um impacto negativo
nesses adultos jovens, antecipando a perda cognitiva em um ano.
Computando
os três fatores, dois de proteção e um negativo, podemos concluir que os
indivíduos que logo antes de se aposentar se engajam em atividades cognitivas
ou de diversão, e se mantêm interessados, buscando novos conhecimentos e
experiências e assim exercitando seu cérebro, sem depressão (ou com a depressão
tratada, se a tiverem), conseguem se manter intelectualmente intactos por pelo
menos quatro anos mais que seus pares que optaram por aposentar o cérebro
também, ficando sentados no sofá assistindo à televisão o dia todo.
A
população brasileira está envelhecendo e a disfunção cognitiva na população
idosa torna-se um problema de saúde pública de proporções catastróficas. Uma
saída, baseada no estudo mencionado, é oferecer a essa faixa etária
oportunidade para o exercício intelectual, a exemplo da entrada gratuita em
teatros, cinemas e museus, e um programa de governo para estímulo e aderência à
leitura e às atividades físicas para os idosos.
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