Li esta matéria e achei muito interessante postar, li na página do facebook "Reabilitação Cognitiva", temos que aprender a viver com as novas gerações, uma vez que os acontecimentos de ser avós e bisavós estão ficando cada vez mais cedo, pouca lembrança tenho dos meus avós, hoje sou avó, e convivo com meu neto de forma saudável, lúdica, prazerosa. temos que incentivar as relações inter-geracionais dando oportunidade a conhecer melhor as famílias, saber das raízes familiares, valorizar mais nossos idosos.
Sandra Almeida
Fonte: http://veja.abril.com.br
Aumento
na expectativa de vida, melhor saúde e mudanças culturais criaram uma
surpreendente relação de companheirismo entre idosos e seus netos.
É apenas rock and roll – mas o
avó gosta muito. Não se está falando de Mick Jagger, ainda que o
roqueiro inglês possa com bastante propriedade ser apresentado como
exemplo de um novo estilo de avós.
Aos 69 anos, o vocalista dos Rolling
Stones circula com facilidade entre as gerações, é capaz de conversar
com as netas (são duas, uma de 16 e a outra de 20 anos) sobre sexo,
droga e moda como se fosse um colega delas. É sabido que os três estão
sempre juntos e têm opiniões parecidas sobre vários assuntos.
Essa relação de camaradagem entre avós e
netos é um fenómeno moderno, que só recentemente despertou a atenção dos
demógrafos e passou a ser estudado a fundo por cientistas sociais. “Os avós atuais são o resultado de mudanças drásticas na demografia do Brasil e do mundo”, diz a psicóloga paulista Lidia Aratangy, especialista em família e autora do Livro dos Avós.
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“Minha avó tem cabeça de 18 anos”
“No Império Romano, as pessoas não
passavam dos 40 anos. Até meados do século XIX, só três em cada 100
pessoas chegavam a viver seis décadas. Como morriam cedo, esses avós
conviviam um tempo mínimo com seus netos, o que explica por que o
vínculo entre as gerações era ténue, quase distante.”
O vínculo ténue e distante é coisa do
passado. Também já está fora de contexto o antigo adágio de que os avós
são mais amigos dos netos porque, ao contrário dos pais, não têm a
obrigação de educar e impor disciplina aos pequenos. O relacionamento
atual, moldado pelas mudanças demográficas e culturais, se dá sobre
novas bases.
Um exemplo: a aposentada Jeny Alcântara,
de 76 anos, que se define como uma vovó “desassossegada”, participa
ativamente da vida de seus cinco netos. Thiago, de 21, e Matheus, de 10,
que moram na mesma cidade da avó, em Balneário Camboriú, em Santa
Catarina, são os mais próximos.
O relacionamento com a avó é assim
resumido por Thiago: “Ela me entende, me apoia nas decisões e curte as
mesmas músicas que eu. Tenho 21 anos e ela parece ter 18″. A distância
não é empecilho para o relacionamento com os outros netos, que moram em
outras cidades. “O Facebook e o Messenger nos aproximam”, diz Jeny.
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Em termos estatísticos, os novos avós são pessoas que vivem por muito
mais tempo e desfrutam muito mais saúde que seus próprios pais. Sua
geração foi forjada por fatores como aumento da expectativa de vida,
queda na taxa de mortalidade, diminuição das taxas de fecundidade e
melhoria nas condições sanitárias.
O envelhecimento da população e o aumento
da expectativa de vida são os eixos desse novo fenómeno. Mais de 16
milhões dos 49 milhões de habitantes da Inglaterra são avós. Na França,
80% das pessoas com mais de 65 anos têm netos. Em breve, metade delas
será bisavó.
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Conviver com os quatro avós por duas décadas
O Brasil segue os mesmos passos. Desde
1950, a expectativa de vida do brasileiro saltou de 46 para 73 anos.
“Hoje são grandes as chances de uma criança e de um adolescente
brasileiros não apenas conhecerem seus quatro avós, mas também
conviverem com eles por duas décadas”, diz o demógrafo Cássio Turra, da
Universidade Federal de Minas Gerais.
A evolução desse tempo de convívio entre
avós e netos em três gerações de brasileiros foi calculada por Turra e
pela sua colega Simone Wajnman. Tomando como base números referentes à
população feminina, eles chegaram à seguinte conclusão: uma avó nascida
em 1915, com a média de vinte netos, poderia conviver com alguns deles
por quinze anos.
Uma avó nascida em 1975, cuja média
estatística é de três netos, pode esperar conviver por trinta anos com
ao menos um deles. “Os resultados comprovam a verticalização da família
brasileira”, diz Simone. “As pessoas têm maior possibilidade de conhecer
seus avós, bisavós e tetravós, mas têm um número menor de irmãos, tios e
primos.”
A explicação também está na queda na taxa
de fecundidade da brasileira. Em 1970, a média era de 5,8 filhos por
mulher. Hoje, é de 1,8 filho – taxa próxima da registrada na maioria dos
países europeus.
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Avós tatuadas
A possibilidade de anos de convívio entre
avós e netos serve para aproximar as gerações – mas a relação de
camaradagem não seria possível sem as mudanças culturais que moldaram a
parcela da população que está chegando à terceira idade. “Hoje, é mais
fácil encontrar uma avó tatuada do que uma fazendo croché”, diz a
antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
“Os atuais avós foram os jovens que nos
anos 60 e 70 romperam com tabus, preconceitos e obrigações sociais.”
Essa percepção foi comprovada estatisticamente numa pesquisa sobre
envelhecimento que a antropóloga coordena desde 2007. Com o título “Corpo, envelhecimento e felicidade“, o estudo foi transformado em livro e será lançado em breve.
Foram ouvidas 1 697 pessoas, com
resultados surpreendentes. Cinquenta por cento dos entrevistados com
mais de 60 anos afirmaram que só se considerariam velhos, no sentido
estrito do termo, depois dos 80 anos.
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“Dar o melhor para meu bisneto”
A esmagadora maioria (85%) encara o envelhecimento sem medo ou constrangimento. Eles
acreditam que os anos tornam as pessoas mais experientes e mais bem
preparadas para aproveitar a vida. Oito em cada dez entrevistados
praticam atividades físicas regulares e têm cuidados especiais com a
alimentação.
Nilza Capatti, de 69 anos, moradora de
São José dos Campos (SP) e bisavó de Francisco, de 2 anos, explica como
seu comportamento mudou com a idade: “Minha mãe reprimiu-me demais
quando era jovem. Também fui firme com minha filha. Fui mais
compreensiva com minha neta. Hoje faço questão de me atualizar para
poder dar o melhor de mim a meu bisneto”.
LAÇOS DE FAMÍLIA — Da esquerda para a direita, Nilza, Sílvia,
Bárbara, Nerita e o menino Francisco: bisavó, avó, mãe, tretaraneto e
tetravó: encontro de 5 gerações (Foto: Cláudio Gatti)
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As mulheres mais velhas aproveitam mais a vida do que os homens
As mulheres são maioria na nova geração de avós.
Em parte, isso decorre do fato de que estatisticamente elas vivem mais
que os homens. Mas, de acordo com Mirian Goldenberg, razões culturais
colaboram nesse processo.
Ao contrário dos homens, que ao
envelhecer tendem a se recolher e ficar mais tempo em casa, as mulheres
costumam encarar a velhice como uma oportunidade para aproveitar a vida.
“Por paradoxal que pareça, as mulheres mais velhas costumam se tornar
mais interessadas no mundo dos jovens”, diz a antropóloga. São as avós
“desassossegadas”.
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