Olá à todos, na semana do idoso não poderia deixar passar a notícia, sobre o Sr. Simonidio Rosa que voltou à sala de aula aos 101 anos de idade, lúcido com vigor para as caminhadas, com discernimento para estudar, não podemos nos deixar abater, a idade é apenas a contagem do tempo referente a nossa chegada no Planeta, como passaremos pela vida dependerá do investimos que cada pessoa fez ao longo do caminho terreno, com saúde, hábitos saúdaveis de vida, tendo autonomia e independência para decidir sobre os acontecimentos. Mais uma vez ressaltamos a necessidade do estimulo cognitivo em nossa vida.
Sandra Almeida
As 5h da manhã o relógio desperta, Simonídio Rosa se arruma e reforça no café da manhã. É sozinho e carregando uma mochila, que pega o ônibus coletivo em Cuiabá, desce no terminal, e enfrenta mais um ônibus que vai deixá-lo em uma esquina próxima à escola. Essa é a rotina normal de muitos estudantes; a única diferença, neste caso, é que o aluno tem 101 anos. “Eu quero é aprender”, afirma o aposentado que decidiu voltar à sala de aula e romper os limites da idade.
Morador da capital, Simonídio participa
diariamente de um curso de educação para jovens e adultos não
alfabetizados. Nem mesmo a distância ou o problema de visão que possui o
impedem de ser um aluno frequente. “A coisa mais triste na vida é não
saber ler. Quem não sabe ler é como alguém que não fala. Eu já aprendi a
escrever o meu nome”, comemora.
“Não gosto de chegar atrasado. E tenho
que pegar dois ônibus, por isso saio cedo de casa para não perder a hora
da escola e nem do ônibus”. A residência fica no bairro Umuarama e a
Escola Estadual Almira Amorim, no bairro CPA III, onde estuda das 7h às
11h.
Simonídio conta que estuda há mais de
dois anos e aprendeu a escrever o seu nome completo. Porém, já consegue
ler várias palavras escritas com letras grandes já que enfrenta
dificuldades por conta de problemas na visão. Com o bom humor sendo uma
das suas principais características, Simonídio rebate em seguida: “Vou
fazer o que em casa? Tenho problemas, enfrento e amo demais estar aqui
[na escola]”.
Orgulhoso, conta que é o aluno mais
velho da escola e que nasceu em em 13 de julho de 1911. Contudo,
ressalta que perdeu o registro de identidade original emitido no Rio de
Janeiro e ao solicitar a emissão de um novo documento, em Várzea Grande,
não percebeu que o registraram com a data de 13 de julho de 1941.
A sala de aula é composta por alunos
jovens, idosos e também deficientes. Para o idoso, a integração é o seu
grande estímulo nas aulas que são direcionadas para cada um de acordo
com as necessidades. “Eles me respeitam, me tratam muito bem. Só não
gosto de bagunça na sala”, diz aos risos.
Nascido no Rio de Janeiro, criado na
roça, o aposentado foi para Mato Grosso na década de 70 para trabalhar e
deixou oito irmãos no RJ. Já casou duas vezes, não tem filhos, mas
criou quatro enteados e tem duas netas. Atualmente mora com a esposa Ana
Maria, de 50 anos, e um enteado de 20 anos.
A motivação em enfrentar uma sala de
aula, destaca Simonídio, vem da vontade em “adquirir sabedoria,
conhecimento e ser pastor”. Há 50 anos ele é evangélico e não perde
também nenhuma aula da escola bíblica que ocorre na igreja aos domingos
pela manhã.
A independência também integra sua
vontade em enfrentar os desafios que a idade lhe impõe. “O importante é
não depender de ninguém. Vou ao banco, supermercado, pego ônibus e pago
as minhas continhas. Faço tudo sozinho”.
Por outro lado, o aposentado confirma
que não são todos que apóiam a sua jornada de estudante e alguns até o
criticam. Ele diz que familiares afirmam que está “andando à toa por aí.
Já outros são por medo de acontecer algo”. Isso porque, há alguns anos,
o aposentado foi atropelado em Cuiabá e passou por cirurgias que
culminaram em problemas de saúde que ele sofre até hoje.
Mas, com 101 anos muito bem vividos,
alguns sonhos ainda não se perderam no caminho. Simonídio Rosa ainda tem
vontade de ter um filho e se reencontrar com a família que deixou no
Rio de Janeiro, com a qual diz ter tido o último contato em 1991.
Questionado sobre o que ainda falta em sua vida ou a principal meta
antes de morrer, o aposentado não tem dúvida: “Um bom estudo, casa, e
dinheiro na conta”.
A professora Bertulina Miranda observa
que o histórico do centenário tem servido de referência para muitos
alunos que pensam em abandonar a sala de aula e até mesmo como desafio
no ensino. Ela ressalta que o trabalho é feito conforme a realidade de
cada aluno e isso trazido bons resultados.
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